Triquíase
O que são estas alterações
Os cílios normalmente posicionados, emergem da lamela palpebral anterior, próximo a base das Glândulas de Meibomius, e tem importante função de proteção do globo ocular.
A Distiquíase consiste no mau posicionamento de cílios isolados ou múltiplos na pálpebra, que emergem das glândulas társicas em direção ao bulbo do olho;
A Triquíase consiste no desvio do crescimento dos cílios para dentro, ou seja, em direção ao globo ocular. Pode ser congênito ou adquirido e a pálpebra normalmente conserva a sua posição normal.
Os pelos mal posicionados passam a tocar a superfície do epitélio corneano, escoriando esta área e dando início a processo ulcerativo crônico.
Os Sinais Clínicos
Alguns aspectos de olhos que apresentam este atrito entre córnea e cílios mal posicionados são lacrimejamento, blefaroespasmo, dor e úlceras que constantemente recidivam ou até mesmo são refratárias a protocolos medicamentosos agressivos. Em muitos casos, a área de atrito da córnea com o cílio já perdeu sua transparência e apresenta uma pigmentação, a melanose, mostrando a cronicidade deste quadro.
Muitos pacientes já chegam ao serviço especializado com o olho próximo da perfuração e a resolução, em geral, acaba por ser cirúrgica.
Além desses aspectos, animais com cílios mal posicionados podem apresentar Ceratoconjuntivite Seca ou ter este quadro agravado, pois os cílios exercem a função de dreno, retirando o filme lacrimal da fenda palpebral, ressecando o olho.
O Tratamento
Tanto na Distiquíase como na Triquíase, a úlcera, que causa dor, blefaroespasmos e lacrimejamento, é o grande motivo que leva os proprietários a procurar ajuda.
Tratar apenas a úlcera neste caso, torna-se ineficaz, pois o pelo mal posicionado merece nossa atenção, deve ser localizado e retirado.
A resolução da Distiquíase e da Triquíase é cirúrgica. É imprescindível, na cirurgia, o uso de Microscópio Cirúrgico, disponível em qualquer serviço especializado, para que se tenha um perfeito campo de visão e previna-se inclusive laceramentos palpebrais durante a cirurgia, e posteriormente, uma má coaptação das pálpebras e entrópio secundário, trazendo conseqüências à visão do animal bem como prejuízos à sua produção lacrimal .
Todos os cílios devem ser retirados, um a um, junto a seu folículo com o auxílio de uma lâmina de bisturi oftálmico. Arrancar o pelo pode agravar o caso e prejudicar ainda mais o tratamento. A destruição térmica, quando não feita com equipamento adequado (para radio- hipertermia de alta freqüência ou criocirurgia) é contra indicada.
Após a retirada de cílios, deve-se instituir tratamento para a úlcera, já que sem o atrito, podemos ter o epitélio corneano restituído.
Muitas vezes, a Ceratotomia parcial como tratamento para a úlcera (também com uso de Microscópio Cirúrgico por tratar-se de cirurgia em córnea) se faz necessária para a total resolução do caso e é feito concomitantemente, com o procedimento de retirada de cílios. O conforto do animal é imediato assim como a resolução da dor.
Distiquíase
Em caso de úlceras, fique atento!
Ao deparar-se com uma úlcera, o clínico deve fazer sempre uma boa inspeção ao bulbo, buscando algum agente causador daquele quadro. A Terceira pálpebra sempre deve ser anestesiada e evertida para avaliação e algum instrumento de magnificação deve ser usado para visualização de cílios mal posicionados ou mal direcionados.
Busque sempre um Médico Veterinário de sua confiança. Ele poderá esclarecer sobre recursos de Microcirurgia disponíveis em nosso estado e se necessário, encaminhá-lo até nossos serviços.
Dra. Mirza Melo – Oftalmologia Veterinária
CRMV - 2197 /CE
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