segunda-feira

Petiscos para cães e gatos são saudáveis?


Bonitos e atraentes: cerveja, panetone e até bolo de aniversário passaram a fazer parte do cardápio canino e felino. Iguarias “adaptadas” para o consumo animal que não devem substituir a alimentação, muito menos serem oferecidas aos animais sem controle.

Classificadas como petiscos, essas comidinhas não podem, segundo o professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Márcio Antonio Brunetto, ser definidas de forma ampla (e técnica) como “alimentos especiais” para cães e gatos. “Em sua maioria não são alimentos completos, mas sim desenvolvidos para atrair a atenção dos animais, para agradá-los ou tornar sua alimentação mais parecida com a humana”, explica.

Especialmente quando industrializadas, as guloseimas são apenas itens adicionais no cardápio e não podem corresponder a mais do que 10% da ingestão calórica diária do animal, afirma a zootecnista Andrea De Paula, especialista em comportamento animal. O ideal, porém, é que antes de oferecer petiscos, cada tutor leve o gato ou o cão ao veterinário (preferencialmente se ele for especializado em nutrição) para ser avaliado: “Por exemplo, há cervejas para cães nas lojas, mas se o seu cachorro for alérgico a algum derivado do milho que componha o produto, poderá ser perigoso”, exemplifica De Paula.

Todavia, o professor da USP lembra que alguns petiscos têm propósitos importantes, como biscoitos e palitos assados, produzidos comercial ou artesanalmente, com adição de nutracêuticos (substâncias nutrientes com efeitos terapêuticos ou farmacêuticos), que auxiliam no controle da saúde oral dos cães. Mas mesmo nestes casos, a oferta deve ser parcimoniosa.


Hora da fome

Na hora de alimentar seu animal doméstico, lembre-se: o petisco vem por último. Todo cão ou gato deve ser nutrido de forma completa e balanceada, de acordo com a fase da vida em que está (filhote, adulto, idoso, e para as fêmeas: gestação e lactação), ou seja, ao menos 90% de tudo que o animal come tem que ser saudável e próprio para sua idade. “O cuidado é eficaz para evitar deficiências nutricionais e obesidade. Esta doença, aliás, acomete aproximadamente 50% dos cães e gatos atualmente”, alerta Brunetto. Quer agradar o cãozinho ou gatinho? De forma geral, frutas e legumes são bem vindos, com algumas exceções e podem ser oferecidos como “presentinhos” para cães e gatos.

Se o criador quer oferecer uma guloseima “especial”, os veterinários afirmam que variedades industrializadas, quase sempre, apresentam mais quantidade de aditivos químicos, sódio e conservantes. Se o animal é saudável, a zootecnista Andrea De Paula limita a indicação a uma vez por mês. Animais com problemas no coração, alérgicos ou diabéticos têm o consumo vetado.

As opções de petiscos ditos “naturais”, que o Brunetto prefere chamar “caseiros” – pois geralmente são fabricados por pequenas empresas – são menos agressivas, mas também devem ser consumidas com cuidado. Muitos não utilizam corantes nem conservantes, são feitos com matérias-primas orgânicas e integrais, mas mesmo assim devem se manter no limite de até 10% do total da alimentação. Ao comprar variedades orgânicas, porém, atente-se para o prazo de vencimento: ele é reduzido. Também procure informações sobre a empresa produtora. É importante que um especialistas em nutrição animal oriente e se responsabilize pelas receitas, assegurando a qualidade e a segurança para o consumo animal.


Brigadeiro e outros “doces”

É comum ter alfarroba (foto) e essência de baunilha para imitar os doces – lembre-se: é proibido dar chocolate aos animais! Muitas vezes contém frutas secas, aveia e mel. Ainda sobre a alfarroba: quase tudo que é feito para animais imitando o chocolate tem essa vagem comestível, mas no alimento industrializado o produto não faz tão bem, por conter conservantes e corantes adicionados. Portanto, fique atento.


Cerveja

É um caldo de carne engarrafado, só que pode conter componentes vindos do milho (cuidado! Alguns animais são alérgicos), sem contar o óleo do próprio milho ou da soja (para engrossar o caldo). Uma vez por mês é mais que suficiente.



Muffins, bolinhos e panetones

Há versões caseiras e industrializadas e, neste último caso, atenção: podem conter muita farinha branca ou de arroz, derivados do milho, da soja, além de açúcares e conservantes. Já os “orgânicos” são feitos apenas com farinha integral, não contém sódio e, quase nunca levam açúcar (e quando contém, há preferência pelo mascavo ou pelo mel). Há versões com frutas secas naturais e outras com flocos de carne desidratada (geralmente industrializados). Os mais recomendados são feitos de massa de cenoura ou de batata doce.

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Sorvete

É pouco indicado, segundo os veterinários. É feito de alfarroba com essências que dão sabor, como a de morango. Geralmente tem muito sódio, açúcar e é pouco saudável. Além disso, pode conter derivados do leite, que podem ocasionar diarreias no animal. Há versões que garantem estarem de acordo com as normas do Ministério da Agricultura e não conterem gordura, açúcares ou lactose. Tá na dúvida? Faça um suco de fruta (sem açúcar, claro!) e congele. Os animais adoram!

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